terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Amizades (ou a falta delas)...

Quando me mudei, todos os meus amigos, todas aquelas pessoas que costumavam estar presentes no meu dia-a-dia deixaram de estar. Deixaram de aparecer aqueles convites para ir ao café, para ir ao cinema, para jantar, para sair à noite.

Mudei de país, comecei uma nova vida, e para trás ficaram os amigos mais próximos, os convívios, a sensação de pertencer a um grupo.

Começar do 0 não é fácil. Começa-se novamente a busca por um grupo de pessoas que preencha o vazio deixado pelas que ficaram para trás. Mas claro, dificilmente se preenche um vazio de amizades que duram há anos, com pessoas que conhecemos há dias/semanas.

Nos dois anos que vivo cá, a verdade é que conheci dezenas de pessoas, mas aquelas que realmente tiveram alguma importância, contam-se pelos dedos de uma mão.

Por decisão minha, acabei por não me integrar muito no meu grupo de colegas do (ex)doutoramento. Por uma ou outra razão, a verdade é que não me identificava com eles e como tal preferia passar os meus tempos livros na procura de outras companhias.
Dado o bichinho que ficou dentro de mim, desde que fiz Erasmus, a minha decisão foi procurar os Erasmus na cidade onde vivo. E foi com esses que decidi começar a sair para festas e convívios...
Contudo o que eu pensava que ia ser uma integração relativamente fácil, dado que apesar de não ser Erasmus, me identificava bastante com o espírito e já tinha alguma experiência no assunto, veio a revelar-se bastante mais difícil do que eu esperava.

Depois das semanas iniciais em que se conhece dezenas de pessoas num curto espaço de tempo e todos parecem simpáticos e acessíveis, deparei-me com a falsidade da maior parte deles. Quando pedia para me avisarem de festas e afins, me diziam que sim e depois na hora H, nada.
Penso que o grande problema para a minha integração era a falta de disponibilidade, tendo eu de trabalhar de segunda a sexta e às vezes até aos fins de semana, não podia estar presente durante a semana em nenhum dos eventos e claro está, encontrar-me apenas uma vez por semana com eles, não é suficiente para estabelecer laços com ninguém. E ao fim de umas semanas, apesar de me falarem quando me viam, acabei por ficar de fora de todos os grupos que entretanto se foram formando. Ah! E mais o facto de não ter aulas, nem um ponto em comum com nenhum deles também não ajudou.

Conclusão passei o ano letivo de 2013/2014, sem pertencer a nenhum grupo, indo a umas quantas festas e falando com um ou outro mas nada de relevante. Pelo meio lá conheci duas ou três pessoas que acabaram por se tornar mais "próximas" mas tendo em conta a minha situação, bastava um pouco mais de contacto que já seria muito mais do que aquilo que tinha com todos os outros. Mas ainda assim passei bons momentos com um pequeno grupo de pessoas, entre passeios e alguns convívios. Não passei maus momentos, pois felizmente, soube resistir bem, mas a verdade é que houve momentos que me senti só. Detesto pessoas falsas e isso ajudou-me a manter a minha força. Pois apesar de não pertencer a nenhum grupo, preferia estar sozinho do que rodeado de falsos.

No final de 2013, houve um acontecimento que me carregou um pouco as baterias... Conheci uma rapariga nas aulas do curso de alemão e acabámos por nos aproximar os dois. Com o passar do tempo fomos falando mais e acabámos por nos envolver um com o outro. E esta sim, foi uma das poucas pessoas que nestes dois anos teve alguma importância na minha vida. Pois apesar de ter sido por um curto espaço de tempo (ela foi-se embora no início de Março de 2014), passei bons momentos com ela, e veio a tornar-se uma boa amiga minha, com a qual ainda hoje falo (apesar de não tão frequentemente).
Houve mais duas ou três pessoas com as quais ainda mantive algum contacto mas com as quais já não falo. E fora isso nada mais de relevante. Todas as outras pessoas que conheci e que no início me falavam muito bem, no final e por razões que desconheço, deixaram de me falar.
Então no final do semestre, os meus diálogos eram mais de "Olá! Adeus!" porque apesar de tudo, sou bem educado. Mesmo pessoas com as quais eu pensava que havia um certo companheirismo, no final vieram a revelar-se iguais às outras, pois a certa altura já nem se dignavam a falar-me ou responder-me a mensagens.

Em suma, no primeiro ano aqui, conheci uma pessoa que realmente teve alguma importância, algumas com as quais passei bons momentos de convívio mas que hoje em dia já perdi o contacto e conheci dezenas de pessoas irrelevantes. Com o grupo do meu doutoramento, acabei por ficar como ainda hoje, nada mais que colegas de trabalho.


No segundo ano letivo (2014/2015) as coisas mudaram radicalmente! Voltei a conhecer várias pessoas, mas desta vez, consegui inserir-me num grupo de Erasmus e posso dizer que vivi o meu "segundo Erasmus". Apesar de pouca disponibilidade que tinha (praticamente só sextas e sábados, e mesmo assim nem todos) ia a festas sempre que podia, estabeleci uma boa relação com várias pessoas, não só as do meu grupo mas também com outras de outros grupos. Diverti-me imenso, e tenho a dizer que foi uma das coisas que mais me ajudou a suportar o trabalho durante esse ano, foi o meu grupo de amigos e as vivências que tive com eles. O meu ponto alto da semana era na sexta feira quando terminava a semana de trabalho e perguntava "Onde é que é a festa esta noite?" e aí sim, esquecia-me da minha falta de motivação e interesse e entregava-me  pura e simplesmente à diversão e convívio.

Foi um ano para mim bastante bom em termos pessoais (infelizmente não tanto em termos profissionais, pois cada vez sentia menos vontade e motivação para continuar o que estava a fazer).

Para mim foi como estar novamente em Erasmus e isso para mim foi uma das melhores coisas, dado que o meu "verdadeiro" Erasmus foi apenas 3 meses e não me permitiu usufruir verdadeiramente da experiência. Mas o ano passado foi-me dada essa oportunidade e fiz bom uso dela. Aproveitei o melhor possível e posso dizer que agora sim estou satisfeito e penso que finalmente posso dizer "Eu fiz Erasmus e eu aproveitei ao máximo!", antes podia apenas referir que o fiz, mas que foi tão curto que não me deu tempo para realmente viver a experiência. Foi um ano que passou a voar! Mas muito bem passado!

Fico muito feliz por ter tido esta oportunidade e por ter conhecido um grupo que de pessoas que me integrou e que me aceitou mesmo tendo em conta a minha fraca disponibilidade. Dada a minha experiência no ano de 2013/2014, esta foi uma lufada de ar fresco pois fez-me esquecer um pouco das situações porque tinha passado anteriormente.

Para concluir, foi um grande ano para mim em termos pessoais, conheci pessoas excelentes e pelas quais tenho uma grande estima, apesar de não ter um contacto diário com a maior parte delas, continua a tê-las em grande conta, pois mesmo que elas não saibam, tiveram uma importância crucial na minha vida, tendo sido o meu apoio quando mais precisava e me terem ajudado (talvez sem saberem) a manter-me no trabalho.. A verdade é que uns meses depois de eles se terem ido embora, dado que o seu Erasmus terminou, eu deixei o trabalho...

Este ano... Isto parece um ciclo mas o tipo de pessoas que conheci é praticamente igual àquelas que conheci no meu primeiro ano... Como já tenho a experiência nem me dou ao trabalho de entender e simplesmente os ignoro da mesma forma que eles me ignoram a mim.
Hoje em dia tenho aqui um bom amigo, que conheci o ano passado e que ainda cá está (pois vive e estuda cá) e como tal não tenho grande necessidade de me sujeitar às falsidades e palhaçadas dos outros todos. Como se costuma dizer "poucos mas bons", neste caso é apenas um, mas chega bem.

A minha vida tal como escrevi no post anterior está em fase de mudança, em todos os campos.

Verdade seja, dita após dois anos a ir a festas de Erasmus e a conviver com Erasmus, estou um pouco cansado. Foi uma boa fase, gostei bastante, conheci várias pessoas, mas tudo tem o seu tempo. E o meu tempo nessas andanças está a chegar ao fim. O meu tempo de festas Erasmus e bebedeiras quase todas as semanas acabou. Este ano já pouca paciência e vontade tenho para esses "convívios". Agora quero conhecer pessoas que realmente passem a fazer parte da minha vida durante vários anos e não apenas por um ou dois semestres. Quero fazer amigos a sério e não amigos de conveniência (ou amigos de festas, como preferirem).
Foi uma boa experiência, mas agora quero algo diferente. Todos os anos é o mesmo ciclo, no que diz respeito aos Erasmus e eu já conheço esse ciclo de cor. Agora quero algo diferente para a minha vida social.

Não sei o que vai acontecer, mas a verdade é que sinto a mudança no ar. Na minha forma de estar, nos meus objetivos, na minha vontade. O meu objetivo já não é conhecer os Erasmus que cá estão, ou os que vêm no próximo semestre, agora quero conhecer pessoas que sejam realmente benéficas para a minha vida. Quero começar a conhecer pessoas que daqui a uns anos ainda sejam parte do meu grupo de amigos. Quero ter amigos como os que tenho em Portugal, com os quais possa falar e desabafar. Nunca vai ser igual, mas acredito que posso vir a conhecer pessoas excelentes que se mantenham por perto durante bastantes anos.

Às vezes para a mudança acontecer, temos de quebrar com os velhos hábitos, com as velhas rotinas.

Não sei o que o futuro me reserva, mas após ter começado a quebrar com as velhas rotinas e hábitos, com os quais já não me identificava, sinto a mudança mais perto do que nunca.

Venham os novos dias! 2016 está a começar! Um novo ano! E eu estou entusiasmado e motivado para descobrir o que me espera!




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